Do camarote a divisão se erguia
apenas entre nós - e eu vivia
no doce alento dessa virgem bela...
Tanto amor, tanto fogo se revela
naqueles olhos negros! Sá a via!
Música mais do céu, mais harmonia
aspirando nessa alma de donzela!
Como era doce aquele seio arfando!
Nos lábios que sorriso feiticeiro!
Daquelas horas lembro chorando!
Mas o que é triste e dói ao mundo inteiro
é sentir todo o seio palpitando...
Cheio de amores! E dormir solteiro!
Álvares de Azevedo, 1831-1852
* Sergio Faraco (org.). Livro dos Sonetos: 1500-1900: poetas portugueses e
brasileiros. Porto Alegre : L&PM, 2002.
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