MARIETA
Como o gênio da noite, que desata
o véu de rendas sobre a espada nua,
ela solta os cabelos... Bate a lua
nas alvas dobras de um lençol de prata.
O seio virginal que a mão recata,
embalde o prende a mão... cresce, flutua...
Sonha a moça ao relento... Além da rua
preludia um violão na serenata.
Furitivos passos morrem no lajedo...
Resvala a escada do balcão discreta...
Matam lábios os beijos em segredo...
Afoga-me os suspiros, Marieta!
Ó Surpresa! ó palor! ó pranto! ó medo!
Ai! noites de Romeu e Julieta!
Castro Alves, 1847-1871
* Sergio Faraco (org.). Livro dos Sonetos: 1500-1900: poetas portugueses e
brasileiros. Porto Alegre : L&PM, 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário