Poema V - Não te toque
Não te toque a noite nem o ar nem a aurora,só a terra ,a virtude dos cachos,
as maçãs que crescem ouvindo a água pura,
o barro e as resinas de teu país fragrante.
Desde Quinchamalí onde fizeram teus olhos
aos pés criados para mim na Fronteira
és a greda escura que conheço:
em teus quadris toco de novo todo o trigo.
Talvez tu não saibas, araucana,
que quando antes de amar-te me esqueci de teus beijos
meu coração ficou recordando tua boca
e fui como um ferido pelas ruas
ate que compreendi que havia encontrado
amor, meu território de beijos e vulcões.
Pablo Neruda, 1904-1973