A COROA DE ROSAS
A fim, oculto amor, de coroar-te,
de adornar tuas tranças luminosas,
uma coroa teci de brancas rosas,
e fui pelo mundo aofra, a procurar-te.
Sem nunca te encontrar, crendo avistar-te
nas moças que encontrava, donairosas,
fui-as beijando e fui-lhes dando rosas
da coroa feita com amor e arte.
Trago, de caminhar, os membros lassos,
acutilam-me os ventos e as geadas,
já não sei o que são noites serenas...
Sinto que vais chegar, ouço-te os passos,
mas ai! nas minhas mãos ensangüentadas
uma coroa de espinhos trago apenas!
Eugênio de Castro, 1869-1944
Livro dos sonetos : 1500-1900 : (poetas portugueses e brasileiros) / org. Sergio Faraco. -- Porto Alegre : L&PM, 2002. -- (Coleção L&PM pocquet; 3).
Um comentário:
Muito belo e profundo, todo o charme que um soneto deve ter!
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