quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Saudades! Sim... talvez... e porque não?...


Saudades

Saudades! Sim... talvez... e porque não?...
Se o nosso sonho foi tão alto e forte
Que bem pensara vê-lo até à morte
Deslumbrar-se de luz o coração!

Esquecer! Para quê?... Ah! como é vão!
Que tudo isso, Amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte
Deve-nos ser sagrado como o pão!

Quantas vezes, amor, já te esqueci,
Para mais doidamente me lembrar,
Mais doidamente me lembrar de ti!

E quem dera fosse sempre assim
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade presa a mim!

Florbela Espanca, 1894-1930

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