I
MATILDE, nome de planta ou pedra ou vinho,
do que nasce da terra e dura,
palavra em cujo crescimento amanhece,
em cujo estio rebenta a luz dos limões.
Nesse nome correm navios de madeira
rodeados por enxames de fogo azul marinho,
e essas letras são a água de um rio
que em meu coração calcinado desemboca.
Oh meu nome descoberto sob uma trepadeira
como a porta de um túnel desconhecido
que comunica com a fragância do mundo!
Oh invade-me com tua boca abrasadora,
indaga-me, se queres, com teus olhos noturnos,
mas em teu nome deixa-me navegar e dormir.
Pablo Neruda, 1904-1973
NERUDA, Pablo. Cem sonetos de amor. Porto Alegre : L&PM, 1997.
Tradução de Carlos Nejar.
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