terça-feira, 29 de abril de 2008
Que suspensão, que enleio, que cuidado
Que suspensão, que enleio, que cuidado
É este meu, tirano Cupido?
Pois tirando-me enfim todo o sentido
Me deixa o sentimento duplicado.
Absorta no rigor de um duro fado,
Tanto de meus sentidos me divido,
Que tenho só de vida o bem sentido
E tenho já de morte o mal logrado.
Enlevo-me no dano que me ofende,
Suspendo-me na causa de meu pranto
Mas meu mal (ai de mim!) não se suspende.
Ó cesse, cesse, amor, tão raro encanto
Que para que de ti não se defende
Basta menos rigor, não rigor tanto.
Antologia da Poesia do Período Barroco, Moraes Editores, 1982 - Lisboa, Portugal.
Extraído de http://zezepina.utopia.com.br/poesia/poesia248.html acesso em 29 abr. 2008.
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